terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Alexandria e a "excursão de escola"

Alexandria é um lugar cheio de histórias, isso eu não preciso nem escrever aqui. Só de estar lá já se respira em uma atmosfera diferente de um Egito diferente.

O final de semana foi bastante divertido. Nos esprememos em 2 "ônibus" (os meninos disseram que íamos de ônibus mas chegando na hora do embarque vimos que se tratavam de dois micro ônibus). Não digo que é a coisa mais brega que já vi porque o Cairo sempre me surpreende. Os assentos eram forrados de pelúcia vermelha, e tinha dadinhos pendurados em TODO o teto, enquanto tocava música árabe. O motorista dirigia como se tivesse fugido de um hospício, o que é típico aqui.

Chegamos e nos dirigimos ao nosso hostel. Se você procura conforto, não faça esse tipo de viagem. Meu amigo disse que o hostel é em uma das construções mais antigas de Alexandria, pra vocês terem noção, olha o elevador:

(fiz um vídeo da gente andando nele, mas não vou colocar agora porque a minha internet aqui é precária, e isso é assunto pra outra postagem).
Mas aí, abrimos a janela do nosso quarto onde nos apertaríamos em 5 gurias nos próximos 3 dias e nos deparamos com a seguinte vista:

Quem precisa de conforto perante a isso? Tudo é aceitável.

Fomos a uma barraquinha comer shawarma e depois nos dirigimos andando pelas pedras que cercam o mar até um café a beira mar. E lá ficamos, tomando nossos chás e sucos de frutas, fumando shisha, brincando de jogos de mímica e adivinhar qual o nome do filme, até o sol nascer. Que espetáculo maravilhoso. Eu ficava pensando, se fosse no Brasil, óbvio que a gente estaria bebendo algo, e não, eu não acho que seja melhor, mas essa diversão diferente tem sido bastante atrativa pra mim também. Ali, ao redor da fumaça e das xícaras, estavam Brasil, Egito, Portugal, Austrália, Peru, Polônia, China, Itália, Ucrânia, Rússia, Índia, Paquistão... Como não se sentir inebriado no clima de diversidade de sotaques, percepções, diversões? Foi amor, e ponto.

No outro dia acordamos tarde e fomos a praia. Experimentei full (não sei como escreve) e falafel, uma delícia. Nos dirigimos muito atrasados ao antigo Palácio Real. Infelizmente estava tarde e a praia estava fechada para a visitação, então curtimos mesmo a paisagem, um por do sol lindo de doer, e depois ficamos conversando e dançando roll calls.

A noite, o clube fajuto. Meus amigos egípcios anunciaram com furor: tonight we are going to a night club!
Piada.
Era a boate de um hotel e as únicas pessoas lá éramos nós. De qualquer forma foi engraçado ficar dançando com os outros trainees. Mas não se compara em nada a uma festa no Brasil.
Só que claro, quase amanhecemos lá, e no outro dia acordamos super tarde, tinha gente atrasada, pra variar, e resolvemos dar uma volta na cidade.
Fomos eu e mais 5 meninas que são intercambistas também.
Sabe aquele pesadelo de criança que tu imagina que tá pelado no meio de uma multidão de pessoas? Assim é andar pelas ruas de Alexandria em intercambistas mulheres. De parar o trânsito, mas não num bom sentido. Mas nem isso atrapalhou, porque se tem uma coisa que eu gosto de fazer quando conheço uma nova cidade é andar por ela sem rumo, apenas observando e curtindo o mood e o clima dela.

Neste mesmo dia conhecemos a Biblioteca de Alexandria. Tudo muito lindo e brilhante. Os egípcios gostam de ostentar. É absurdamente enorme a quantidade de livros dos mais variados autores, e também as pessoas lá estudando. Pra entrar você tem que deixar as bolsas num guarda volumes ao lado de onde compra-se os tickets, então fica a dica: leve dinheiro contigo porque tem vários museus "extras" lá dentro que você tem que pagar a mais pra visitar. As mongas não levaram então não puderam ir. Mesmo assim, é estonteante passear por aquele local.



Na saída, mas uma decepção, era muito tarde e a Citadela não seria possível de ser visitada. Justo o lugar que eu mais queria conhecer. Ou seja: vou voltar a Alexandria, com absoluta certeza.
Para finalizar o dia fomos trabalhar a imunidade comendo frutos do mar na rua mesmo. Por 40 pounds (cerca de R$12,00) vem uma refeição IMENSA (dividimos em 3) com pão, salada, molho, sopa, arroz e frutos do mar, mariscos, lulas, camarões e peixe. E a gente come ali mesmo, numa ruela apertada, com roupas das casas penduradas em varias acima das nossas cabeças, com as mãos, sem guardanapo e limpando no pão. Mãe, tu nunca comeria lá, mas é uma delícia!

Enfim, Alexandria tem algo mágico. Você olha praquela imensidão de mar e não tem como não se sentir apaixonado pela cidade. A minha única insatisfação foi o fato da viagem ter parecido mais "excursão pra praia da escola" do que algo realmente turístico. Voltamos com um gosto imenso de quero mais e a certeza de que vamos voltar. Porque eu não volto pro Brasil sem conhecer a Citadela, podem ter certeza que não!
:)



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Paraíso dos gordinhos

Depois de um bom banho e 15 horas de sono sou uma nova pessoa.
Tive que adiar os planos de hoje pois precisava dormir. Então acordei e ficamos pelo apartamento até que decidimos ir buscar algo, não lembro. Aqui é assim, os planos mudam facilmente.
E resolvemos comer. Eu quis provar comida egípcia então vamos lá: Koshari.

É uma mistura de tudo: massas, cebola frita, lentilha, grão de bico, molhos... e vem com um molho que tu mistura. Aí mistura mais ainda e come. Mais ou menos isso.
Eu adorei, é bom e super barato. O prato da foto custou 6 pounds, que é menos que R$2,00. Algo me diz que vou ter que cuidar com a balança por aqui...


Outra coisa legal é que as coisas ficam abertas até muito tarde. O City Stars que é o maior shopping aqui fica até meia noite. As lojinhas na rua ficam abertas até tarde, chegamos em casa hoje quase meia noite e o mercadinho aqui embaixo estava aberto, é super bom pra quem sempre esquece do que precisava comprar. E tem muuuuita junk food boa e barata. Again, paraíso dos gordinhos.

Hoje fomos assistir os meninos jogarem futebol. Sim, futebol. Bem engraçado. Na ida estávamos apertados num carro entre 2 egípcios, 2 brasileiras, 1 portuguesa, 1 australiana e 1 peruana, o que tocou? Michel Teló. Super engraçado ver todos cantando Ai se eu te pego. Priceless.

Outro ponto engraçado, no Brasil se estão meninos e meninas em um carro, nunca os dois meninos irão na frente certo? Aqui no Egito é ao contrário: garotas no banco de trás. A menos que não tenha nenhum outro menino junto, aí tu podes sentar na frente.

Tô tentando me acostumar com o fuso horário. Agora são 03:55 am. Amanhã vou ao cinema e também viajaremos para Alexandria no final de semana. Sim porque aqui sexta e sábado são final de semana, e domingo é dia de trabalho.
Vai entender...

Cairo, começo a ter certeza de que iremos nos dar muito bem.

Cairo, here I am

Quando achei meu portão no aeroporto de Roma me sentei. Ao se aproximar da hora do embarque parou ao meu lado uma família egípcia e também um grupo de amigos. Eles começaram a falar árabe e me deu um ataque de riso que tive controlar. Naquela hora, e no avião eu só pensava: onde é que eu fui me meter.

Mas aí avisam que em 25 minutos iremos chegar no Cairo, e tudo mudou.

Cairo. Me perdoem, não tirei fotos quando cheguei. Fiquei em êxtase ao observar a imensidão dessa cidade.
Te espanta. É enorme, toda da mesma cor, impactante.
Senti um frio na barriga, uma felicidade imensa e uma supresa: estou aqui mesmo.

Ao chegar estava super zonza. É uma confusão, não sabia onde ir, mas depois de pedir informação, consegui pegar as malas e tudo certo. Aí começa a abordagem dos taxis, os caras vem pra cima e o negócio é fechar a cara e ficar dizendo: no, no, no!

Por sorte os meninos do escritório da AIESEC já estavam lá me esperando e vendo a cena. Outra ótima surpresa foi a Gi ter ido me encontrar no aeroporto. Uma amiga de tempos que está morando no Cairo agora. E na ida também encontramos outro brasileiro que está aqui. O mundo é pequeno.

O trânsito é uma loucura. Eles buzinam o tempo todo e não tem sinalização. E apesar disso dirigem calmos, escutando música, conversando e dando risada. E fumando, Cairo é uma cidade de fumantes. Todo mundo fuma o tempo todo.

Atravessar a rua é outra batalha. Você se enfia na rua e os carros vão parando, ou não, ai tem que correr. Melhor coisa é fazer isso com egípcios nos primeiros dias.

Então, agora tenho um número egípcio e internet.
Moro com 8 meninas: uma brasileira, uma polonesa, uma peruana, uma portuguesa, uma australiana e duas coreanas (que ainda não conheci), em um apartamento bem bacana. Sala enorme e decorada de um jeito bastante pitoresco, que incrivelmente a torna confortável, dois quartos e um banheiro. O banho é outra batalha, aqui não tem chuveiro, é banheira e um chuveirinho. Mas você consegue, acredite em mim. E a diversidade cultural presente nesse apartamento me encanta.

Na foto a sala do nosso apartamento.

Primeiro dia foi tranquilo, andar por aí, comprar coisas, trocar dinheiro, comer um Mc Donalds, enfrentar o banho de chuveirinho e dormir, sim, MUITO, porque eu não tinha dormido nada na viagem. Dormi 15 horas seguida e acordei com várias mensagens e ligações e convites para fazer algo.
O Egito me recebeu bem, obrigada. :)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

E a guria vai mesmo!

Eu nunca saí do Brasil.
Exceto para ir a Rivera, Uruguai para fazer compras. O que não conta.
E aí há pouco mais de 1 ano atrás eu conheci uma organização chamada AIESEC. O objetivo: paz e preenchimento dos potenciais humanos, através de experiências de intercâmbio e liderança.
Parece muito lindo na teoria, e na prática, posso dizer, é estonteante.

Nesse pouco mais de um ano na organização, participei do grupo de interesse para trazê-la para a minha cidade (Passo Fundo -RS), e fui presidente dessa Unidade Operacional. Erros, acertos, muito aprendizado, pessoas inesquecíveis e momentos indescritíveis. Renderia um blog somente sobre todas as experiências que vivi esse ano. Eu vejo pessoas há 3, 4 anos na organização, e não me surpreendo. Realmente muda a vida da gente.

Desafios diários. Pequenas coisas que antes eu não imaginava fazer e que aos poucos tornaram-se corriqueiras. Senso de urgência, gestão de pessoas, gestão de processos, metas, prazos, viagens... Falar em público é rotineiro, preparar apresentações e treinamentos também. E as viagens, desde pegar o carro e dirigir 10 horas com alguns amigos para prestigiarmos o evento de uma nova unidade que estava surgindo, até viajar sozinha pra São Paulo para uma conferência. Coisas que eu até então achava SUPER difíceis e que eu vi serem tão, mas tão normais, fáceis, sem problemas, sabe? Se tem uma coisa que a AIESEC te faz é ver que os limites estão na tua cabeça e as distâncias geográficas são as mais fáceis de enfrentar.

Mas bem, final de gestão, sucessor à presidência eleito, algumas metas batidas, outras não, e selecionada para um cargo de suporte nacional à rede de expansão. O que fazer agora?
"Live your word". É isso mesmo, como passar um ano vendendo a ideia de uma organização na qual não tive a experiência completa? Falta o intercâmbio aí, não falta?

E pra onde tu vai, Marília? Conversei com amigos que já viajaram, li blogs, e me decidi: Egito. Porque Egito, afinal? Nem eu sei. Tem decisões na vida que a gente somente segue o coração e deixa a razão de lado. Algo me diz que é para lá que eu tenho que ir. Quero conhecer uma cultura, realidade, clima, culinária e modo de viver bem diferentes dos meus. Quero ver o que acontece nesse país. Quero conhecer as pessoas, suas histórias, dúvidas, paixões e anseios. Quero viver. E ver no que dá.

Em uma fase de autoconhecimento e de definir quais serão os próximos passos na minha vida, nada melhor do que uma experiência dessas pra fazer eu me achar (ou me perder de vez, who knows).



Agora é adiantar trabalhos da AIESEC, conferir documentos, fechar as malas e me preparar para encarar o frio que tá fazendo lá.

A próxima postagem vem diretamente da terra das pirâmides, se tudo der certo :)

Família, amigos e quem mais quiser acompanhar as minhas aventuras: me desejem sorte! Que a perdida e desastrada aqui não esqueça nenhum documento e não perca nenhum vôo! :D